Programa bilionário tropeça na estreia

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O crédito bilionário para construção de armazéns agrícolas ? principal medida deste ano anunciada pelo governo federal como alternativa à sobrecarga no sistema de transporte e exportação de soja e milho ? está há cinco meses represado nos bancos. O problema adia projetos que representam alívio num momento em que o país espera atingir 200 milhões de toneladas de grãos e enquanto as obras em rodovias, ferrovias e portos não forem concluídas.A liberação de recursos é feita a conta-gotas. Dos R$ 4,5 bilhões disponibilizados para a agricultura empresarial (sem contar R$ 500 milhões destinados à agricultura familiar), apenas 0,26% foram consumidos desde julho, quando o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) entrou em vigor.Os recursos fazem parte de um plano que pretende alavancar a armazenagem brasileira nos próximos cinco anos. Serão R$ 25 bilhões até 2018 (ou R$ 5 bilhões ao ano), com taxa de juro de 3,5% ao ano e até 15 anos para pagamento.Nesta safra, a proposta é destinar R$ 1 bilhão para cerealistas e R$ 3,5 bilhões para o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que atende os produtores. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostram que até a semana passada as liberações somaram apenas R$ 12 milhões (0,26%). Ainda não há informações sobre quantos por cento dos R$ 500 milhões destinados à agricultura familiar (que fecham os R$ 5 bilhões de 2013/14) foram liberados.Apesar das críticas do setor, os bancos minimizam a lentidão no volume de recursos liberados, argumentando que as operações levam tempo. ?São projetos grandes, que exigem uma visão mais técnica. Não é como comprar um trator?, argumenta Pablo Ricoldy, gerente de Agronegócio do Banco do Brasil no Paraná.Nas cooperativas o acréscimo de armazenagem obtido nesta safra provém de outros programas, como o Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Só no Paraná, desde o ano passado, o setor investe R$ 600 milhões, que devem acrescentar 1 milhão de toneladas à capacidade estática do estado, observa Flávio Turra, gerente-técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).?A partir do ano que vem, a taxa de juros do PSI será de 4% ao ano, e o PCA já vai estar consolidado?, salienta. Será necessário uma aceleração nas liberações PCA para que não haja impacto nos investimentos do setor. Mais R$ 1 bilhão está previsto para armazenagem até 2015.Os bancos preveem que as liberações vão se intensificar no primeiro semestre do ano que vem. ?A demanda está intensa e deve ser concentrada nos meses de janeiro, fevereiro e março do ano que vem? indica Juliana Souza Dallastra, gerente de planejamento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).?Considerando apenas os clientes de varejo, que não incluem as cooperativas, existem R$ 100 milhões em operações que estão prestes a sair?, complementa Ricoldy, do Banco do Brasil.Licença ambientalUm dos entraves apontados pelo setor para a construção de armazéns é a exigência de licença ambiental estadual, emitida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Na semana passada o órgão divulgou uma portaria que dispensa a apresentação do documento para a construção de estruturas com até 7,5 mil toneladas (124,5 mil sacas).Conforme especialistas, essas dimensões são suficientes para suprir a demanda nas fazendas. Cooperativas devem continuar solicitando licença ambiental. A avaliação dos processos nos bancos dura de 30 a 90 dias.

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